Dra. Flávia Dias Barbosa

A vaginose bacteriana é uma das condições ginecológicas mais comuns e uma das principais causas de odor vaginal desagradável. Apesar de sua alta prevalência, muitas mulheres têm dúvidas e receios sobre o que está acontecendo com seu corpo, frequentemente associando o sintoma a algo mais grave ou transmissível.

Dra. Flávia

Sou Dra. Flávia Barbosa, ginecologista e especialista em saúde íntima feminina, e neste artigo vou explicar tudo sobre a vaginose bacteriana: suas causas, sintomas, diagnóstico, tratamentos e muito mais. Minha missão é oferecer um cuidado humanizado e resolutivo para mulheres que enfrentam essas queixas.

Minha prática clínica é baseada em diagnóstico preciso, atendimento humanizado e tratamentos eficazes. No meu consultório, ofereço um espaço acolhedor onde você pode se sentir à vontade para compartilhar suas preocupações e receber um cuidado individualizado.

O Que é a Vaginose Bacteriana?

vaginose

A vaginose bacteriana (VB) é uma condição caracterizada pelo desequilíbrio da flora vaginal. Normalmente, a vagina possui uma quantidade saudável de lactobacilos, que ajudam a manter o pH vaginal levemente ácido (entre 3,8 e 4,5). Na VB, ocorre uma proliferação excessiva de bactérias anaeróbias, como Gardnerella vaginalis, enquanto os lactobacilos diminuem.

Essa alteração na flora resulta em sintomas como cheiro ruim (muitas vezes descrito como “cheiro de peixe”), corrimento anormal e desconforto. Embora não seja considerada uma infecção sexualmente transmissível (IST), a VB pode ser agravada por fatores relacionados à atividade sexual.

O Que Causa a Vaginose Bacteriana?

A vaginose bacteriana não é causada por um único microrganismo, mas sim pelo desequilíbrio no ecossistema vaginal. Alguns fatores podem desencadear ou agravar esse desequilíbrio:

1. Relações Sexuais Desprotegidas

• O sêmen é alcalino e pode alterar o pH vaginal, facilitando o crescimento de bactérias anaeróbias.

2. Uso de Duchas Vaginais

• As duchas removem os lactobacilos naturais, prejudicando a barreira de proteção da vagina.

3. Mudanças Hormonais

• Gravidez, menopausa ou uso de anticoncepcionais hormonais podem alterar a flora vaginal.

4. Uso Prolongado de Antibióticos

• Antibióticos podem matar as bactérias benéficas da vagina, permitindo o crescimento de microrganismos indesejados.

5. Tabagismo

• Mulheres que fumam têm maior risco de desenvolver VB, possivelmente devido à alteração do sistema imunológico.

Por Que a Vaginose Bacteriana Causa Cheiro Ruim?

O odor característico, muitas vezes comparado ao cheiro de peixe, ocorre devido à liberação de compostos voláteis por bactérias anaeróbias, como a Gardnerella vaginalis. Esses compostos são especialmente perceptíveis após a relação sexual, quando o pH vaginal se eleva devido à presença do sêmen.

Fatores de Risco

• Atividade sexual com múltiplos parceiros ou parceiro novo.

• Uso de dispositivos intrauterinos (DIU).

• Higiene íntima inadequada ou excessiva.

• Uso de roupas íntimas sintéticas que retêm calor e umidade.

• Histórico de VB recorrente.

Sintomas da Vaginose Bacteriana

Nem todas as mulheres com VB apresentam sintomas, mas os sinais mais comuns incluem:

1. Cheiro Vaginal Intenso

• Frequente após a relação sexual ou durante a menstruação.

2. Corrimento Vaginal

• Normalmente branco-acinzentado e fluido, com aspecto uniforme.

3. Coceira e Ardência

• Não é um sintoma comum, mas pode ocorrer em alguns casos.

4. Desconforto ao Urinar

• Sensação de ardência ao urinar, especialmente se houver irritação na mucosa vaginal.

O Que São as Clue Cells?

As Clue Cells são células epiteliais da vagina cobertas por bactérias, visíveis ao microscópio. Elas são um dos principais achados diagnósticos da vaginose bacteriana e indicam a proliferação excessiva de bactérias anaeróbias. A presença de Clue Cells é considerada um critério diagnóstico chave.

Diagnóstico da Vaginose Bacteriana

exame

O diagnóstico é clínico e laboratorial, baseado em critérios bem definidos:

1. Anamnese Detalhada

• Investigação dos sintomas e histórico médico.

2. Exame Ginecológico

• Avaliação visual do corrimento e do odor.

3. Critérios de Amsel

Para o diagnóstico, é necessário pelo menos 3 dos seguintes:

• Corrimento branco-acinzentado.

• pH vaginal > 4,5.

• Odor de peixe ao adicionar hidróxido de potássio (teste do “whiff”).

• Presença de Clue Cells no exame microscópico.

4. Teste de pH Vaginal

• O pH vaginal elevado é um forte indicativo de VB.

5. Cultura Microbiológica

• Em casos recorrentes ou de diagnóstico difícil, pode ser solicitado.

A Vaginose Bacteriana Causa Infertilidade?

Embora a VB em si não cause infertilidade, ela pode aumentar o risco de complicações ginecológicas que afetam a fertilidade, como:

Doença Inflamatória Pélvica (DIP): A VB aumenta a suscetibilidade a infecções ascendentes.

Complicações na Gravidez: Maior risco de parto prematuro ou baixo peso ao nascer.

Por isso, o tratamento precoce é essencial.

Como Tratar a Vaginose Bacteriana?

O tratamento é simples e eficaz, com altas taxas de sucesso. No entanto, é importante seguir as orientações médicas para evitar recorrências.

1. Medicamentos

Antibióticos Orais: Metronidazol ou clindamicina.

Antibióticos Tópicos: Cremes ou géis vaginais com os mesmos princípios ativos.

2. Probióticos

• Auxiliam na restauração da flora vaginal, promovendo o crescimento de lactobacilos.

3. Educação em Saúde

• Orientações sobre hábitos saudáveis e higiene íntima.

4. Tratamento de Parceiros

• Não é rotineiramente necessário, mas pode ser indicado em casos específicos.

Como Fica a Vagina Durante a Vaginose Bacteriana?

A vagina geralmente apresenta:

• Corrimento branco-acinzentado, com odor forte.

• pH elevado (> 4,5).

• Ausência de inflamação significativa (diferente de infecções como candidíase).

Dicas para Prevenir a Vaginose Bacteriana

1. Evite duchas vaginais.

2. Use roupas íntimas de algodão e evite peças apertadas.

3. Não compartilhe objetos íntimos, como toalhas.

4. Mantenha uma dieta equilibrada, rica em probióticos naturais.

5. Tenha práticas sexuais seguras, utilizando preservativo.

Leia mais:

Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs): Conhecimento e Prevenção

Candidíase de Repetição: Um Guia Completo para Mulheres que Desejam Soluções Definitivas

Referências:

https://www.cdc.gov/std/treatment-guidelines/bv.htm

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